Cuidado! Pensemos que o terceiro é inteligente e pode pensar mais rápido que nós. Cuidado! Por vezes o que dizemos é interpretado da forma como o queremos esconder. Cuidado! Com a astúcia dos outros. Às vezes são mais espertos do que o que nós pensamos. Cuidado! As conversas surgem e por vezes é tarde para calar. Cuidado! Com o que não se diz mas se transmite. Cuidado! O tempo passa e podemos deixar de ter quem nos avise. Cuidado! Com os sinais que vamos recebendo. Cuidado! Por vezes todos os cuidados são poucos!!!
Era uma vez uma bela caneta. Esguia, com um lindo aparo em ouro que contrastava com a sua deslumbrante negrura. A tinta corria com tal harmonia que fazia de cada traço um especial arabesco. Depois de testada e certificada a sua qualidade, foi enfeite de montra com destaque especial no pedestal central. De tal forma era a sua elegância que todas as outras em seu redor perdiam qualquer fulgor que porventura pudessem ter. Quando alguém mirava a vitrina era impossível não pousar os olhos na encantadora caneta. Ela utilizava o seu charme e encanto para ser a escolhida, mas para seu crescente desespero acabava sempre por ficar, e ver as outras partir. Tinha tantas qualidades e era tão cara que ninguém lhe pegava. E o tempo foi passando e a caneta foi ficando. Perdeu o protagonismo e o brilho. Foi ultrapassada por outras canetas, mais novas e mais garbosas. Foi-se tornando triste e perdeu o brilho. Por fim entrou em saldo. Tudo parecia perdido! Tudo parecia desanimador! Um dia, finalmente, alguém se interessou por ela e levou-a consigo. Teve receio, não sabia o que lhe ia acontecer pois já não sabia escrever. Mas depressa aprendeu belas palavras pois foi comprada por um poeta que começou logo, com ela, a escrever um belo poema. E de novo a caneta começou a ganhar ânimo e fulgor. Aprendeu a adaptar-se à mão do poeta com tal destreza e vigor que passou a ser a sua preferida, a exclusiva. Muitas cargas acolheu e muitas palavras escreveu. Deixou a sua presunção de lado e passou a ter orgulho no que escrevia. E daí em diante perdeu a vaidade pois já não necessitava de demonstrar que era a melhor!!
engano dos sentidos ou da inteligência; errada interpretação de um facto; pensamento quimérico; coisa efémera; utopia; fantasia; efeito artístico que produz ou procura produzir a impressão da realidade.
6:40. Toca o despertador. É emocionante ser outra vez Segunda-feira! Tão emocionante que me deixo ficar mais um bocado, para saborear o momento. Levanto-me e vem-me à cabeça uma música antiquíssima: Olha o Robot! Quem se lembra da música sabe que o contexto era diferente. Actualmente é mais uma versão moderna de Taylor – a linha de montagem humana. Arranjo-me a correr, tomo o pequeno almoço, dou a vitamina à criança, saio de casa à pressa, enfio-me no carro e vou até ao escritório a ouvir musicas do anos 80. É bonito sim senhor. No escritório trabalho. Bem é normal, é para isso que me pagam, certo? As mesmas pessoas, as mesmas rotinas, os mesmos sítios, as mesmas conversas, os mesmos risos e “Bons dias”… Bem, tenho uma ajuda que me faz retardar a loucura – uma agenda onde vou anotando qualquer oscilação de anormalidade. É bom!! De vez em quando gosto de recordar coisas diferentes… Hora do almoço, o mesmo gosto de café, o mesmo barulho sumido, a mesma luz, o mesmo cheiro… Hora de saída. Oiço mais música dos anos 80, conduzo até à faculdade e dou comigo a entrar no parque de estacionamento sem me lembrar do caminho que percorri e sem me lembrar do que vinha a pensar. E mais do mesmo. Os meus colegas, o ambiente, as conversas, as aulas, o desejo de terminar o dia, de tal forma que imagino histórias para ver se o tempo passa mais depressa. Mas como tenho uma imaginação fértil e como às vezes fico chocada com o que me vem à mente é melhor estar atenta às aulas!!!!!! Vou buscar a criança, venho para casa, e mais uma vez……… tomar banho, jantar, mandar a criança lavar os dentes, preparar lanche para o dia seguinte, roupa, loiça…. Ufa!!! Tá quase! Vou descontrair, acho que me posso dar a esse luxo. Abro os mails, e vejo um fantástico, que diz qualquer coisa do género para aproveitarmos bem os nossos dias, porque o dia de hoje é um presente, e devemos fazer uma série de coisas novas e boas todos os dias… Foi tão bonito..., que até deu raiva!!!! Devem estar a gozar!!!! A quem é que será que eu posso pedir dias diferentes??? Bem sei que há muitas opções, mas não são muito razoáveis. Ok, mas uma coisa é certa. No final do dia é bom ir para a minha caminha, na minha casinha, com a minha família cá dentro e saber que amanhã tenho as mesmas coisas para fazer. É o meu presente diário. Olha o Robot!! ;-)