quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Amália Rodrigues - Rasga o passado



Tu fizeste
do meu viver um sonho agreste
e a minha mocidade
p'la (*pela) tua maldade
em troca eu te dei

Querias mais,
mais que o corpo e a alma,
mais que a paz e a calma
que em ti nunca encontrei.

Dia a dia,
em vez do amor, a nostalgia,
que ao fim de tantos anos
queres mais desenganos
de novo ao meu lado.

Não posso esquecer
que já é tarde de mais p'ra (*para) te querer.
Como carta que rasgas sem ler,
Rasga o passado.

O passado não deve nunca ser guardado,
quer em cada momento
se viva um lamento
ou um sorriso fugaz,

pois mais tarde,
numa carta esquecida,
encontramos a vida
que já ficou p'ra trás.

É diferente
o sol feito de luz ardente,
do mesmo sol poente
que arrasta consigo
um dia acabado.

Já basta saber
Que há em nós a saudade a doer.
Se afinal recordar é sofrer,
Rasga o passado

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