Quem me dera voltar a ser criança
não ter que tomar decisões
ter sempre alguém para me proteger
não ter preocupações
poder brincar e sonhar com o futuro
poder chorar sem motivo
não ter obrigações
não conhecer o arrependimento
desconhecer o mundo lá fora
não ter prazos por cumprir
não poder votar
não compreender as conversas de gente grande
brincar com dinheiro de papel
ver desenhos animados
ler livros aos quadradinhos
não ter regras (ou não ter muitas regras)
poder fazer birras
ver o mundo com inocência
não ter medo de cair
brincar ao faz de conta
rir de parvoices
contar anedotas sem graça
lambuzar-me com chocolate
molhar bolachas no leite
ignorar a culpa
dizer o que penso sem medo de consequências
cantar sem vergonha
acreditar em fadas
dormir a qualquer hora
jogar à macaca e saltar à corda
não me sentir olhada de lado
não julgar nem ser julgada
não saber o que são segundas intenções
pensar que com 20 anos uma pessoa já está velha
as únicas doenças graves serem a varicela e o sarampo
ignorar a mentira
acreditar no Pai Natal
ter conversas sérias com as bonecas
ter medo do escuro
acreditar nas pessoas
não saber distinguir pessoas feias e bonitas
acreditar que os bebés chegam no bico de uma cegonha
ir à praia e encher-me de areia
brincar na rua
acreditar que amanhã será melhor
ter uma mão cheia de amigos
ser inocente
ser feliz.
Assim deveria ser a vida de todas as crianças.
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