domingo, 16 de outubro de 2011

(...) Queriam ser reis, czares, tantas coisas, e rodeavam-se de pequenos corvos, palradores e reverentes, dos que repetem: és grande, ninguém te iguala, ninguém.
Repartiam entre si os tesouros e as dádivas, murmurando forjadas confidências, não amando ninguém, nada respeitando (…)
Banqueteavam-se com a pequenez de tudo quanto julgavam ser grande, com os quadros, com o fulgor novo-rico das vénias e protocolos. Vinha a morte e mostrava-lhes como tudo é fugaz quando, humanamente, se está de passagem, corpo em trânsito para lado nenhum.
Acabaram sempre a chorar sobre a miséria dos seus títulos afundados na terra lamacenta.

José Jorge Letria, “Meditação sobre os poderes”
Expresso, 15 de Outubro de 2011

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